MODELO DE QUALIDADE DE VIDA DA O.A.S.I.S.




MODELO DE QUALIDADE DE VIDA DA O.A.S.I.S.
A instituição encontra-se em processo de certificação, desde 2012, pelo Sistema de Gestão da Qualidade no âmbito da norma EQUASS Assurance para as respostas sociais Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) e Lar Residencial (LRE).
Este processo tem como base de registo e sistematização da informação a ferramenta informática “Quality Alive”.
É um sistema que se encontra em atualização constante de processos e procedimentos no sentido da melhoria contínua da qualidade dos nossos serviços, tendo sempre em consideração a satisfação e qualidade de vida dos clientes.


Modelo de qualidade de vida – OASIS


A OASIS define, implementa e controla o seu compromisso relativamente ao seu desempenho no domínio da qualidade de vida dos seus clientes. Para tal, define o conceito de Qualidade de Vida (QV) e evidencia a sua aplicação através da relação das suas diferentes dimensões e as atividades, práticas e atitudes que o operacionalizam.

Apesar da diversidade de modelos conceptuais propostos para delimitar o conceito de qualidade de vida, existem alguns aspetos consensuais:

1.       É uma medida que varia ao longo do tempo;
2.       É uma medida subjetiva, que parte da perceção dos indivíduos sobre as diferentes dimensões constituintes da sua vida;
3.       A QV deve ser avaliada a diferentes níveis, bem-estar global e em domínios específicos no quadro da interação do indivíduo com os seus contextos de vida.


A OASIS define a QV da seguinte forma:

“Qualidade de Vida é a perceção do indivíduo acerca da sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural e os sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expetativas, padrões e preocupações” WHOQOL group

A Qualidade de Vida é, assim, um conceito amplo e complexo que inter-relaciona o meio ambiente com aspetos físicos, psicológicos, nível de independência, relações sociais e crenças pessoais. Schalock (Schalock, 2000, citado por CRPG, 2004 (1)) propôs que a qualidade de vida fosse definida como um conceito que reflete as condições de vida percecionadas como desejáveis pelo indivíduo em oito domínios fundamentais:

·         Bem-estar emocional;
·         Relacionamento interpessoal;
·         Bem-estar material;
·         Desenvolvimento pessoal;
·         Bem-estar físico;
·         Autodeterminação;
·         Inclusão social;
·         Direitos.

Com o intuito de favorecer a inteligibilidade e a aplicação do conceito, estas dimensões foram reestruturadas nos três domínios que a seguir se explanam (CRPG, 2004, adaptado).

·         Desenvolvimento pessoal
Reporta ao conjunto de relações que configuram as estruturas de competência, articulando-se com os padrões de ação humana. Este processo caracteriza-se por um mecanismo através do qual os indivíduos ganham competência, controlo e influência sobre um conjunto de assuntos significativos, no âmbito das múltiplas relações com os contextos em que se inscrevem. Deste modo, a dimensão comporta a perceção de competência pessoal numa dada situação interacional, seja no contexto das relações interpessoais, seja no exercício da autodeterminação.
Nesta perspetiva, pode-se analisar as perceções pessoais sobre a densidade e qualidade da rede de suporte social, desenvolvimento de competências de comunicação, autonomia, autoeficácia, liderança e advocacy.

·         Bem-estar
Respeita às condições de vida percecionadas como desejáveis pelo indivíduo em três domínios fundamentais: bem-estar emocional, bem-estar físico e bem-estar material. Nesta dimensão releva-se a forma como as pessoas pensam sobre si próprias, incluindo domínios específicos de perceção de aceitação da deficiência, satisfação da interação com os contextos de vida e perceção individual sobre a relação entre a aspiração e a realização num conjunto de domínios, tais como: mobilidade, lazer, atividades de vida diária, bens, rendimentos, entre outros.

·         Inclusão social
Refere-se às oportunidades para controlar as interações com os contextos circundantes e influenciar as decisões com impacto nos projetos de vida. Esta dimensão incorpora um conjunto de mecanismos, através dos quais os indivíduos aprendem a identificar relações próximas entre os seus objetivos e as formas para os atingir, ganhando um acesso e controlo mais amplos sobre os recursos. Nesta perspetiva, interessa promover os impactos nos domínios da empregabilidade/ocupacional, cidadania e direitos.


Os três domínios apresentados anteriormente, contribuem diretamente na capacidade de empowerment dos clientes. O empowerment é considerado pela Instituição como o objetivo mais relevante a alcançar, de modo a possibilitar aos clientes todos os meios necessários para manifestarem as suas necessidades, expectativas, interesses e acima de tudo possam cumprir com os seus deveres e reivindicar, se necessário, os seus direitos. A OASIS, recolhe e trata sistematicamente dados (inquéritos e escalas) referentes à QV dos seus clientes e faz refletir os resultados obtidos na construção de Planos Individuais que se operacionalizam nas suas Respostas Sociais, CAO e LRE. A OASIS, em função das atividades que proporciona e recursos humanos disponíveis em cada Resposta Social, promove a QV dos seus clientes em todos os domínios atrás referidos.


Tabela 1. Dimensões da qualidade de vida e exemplos de apoio individualizado

Dimensões
Exemplos de Áreas onde se evidenciam
Desenvolvimento pessoal
Treino de competências funcionais.
Autodeterminação
Eleições, participação em decisões, metas pessoais.
Relações interpessoais
Fomento de amizades, proteção da intimidade, apoio prestado às famílias e relações/interações comunitárias.
Inclusão social
Papéis comunitários, atividades comunitárias, apoios sociais.
Direitos
Privacidade, responsabilidade civil, respeito e dignidade.
Bem-estar Emocional
Ambiente estável, segurança, reforço positivo, mecanismos de autoidentificação (espelhos, etiquetas com nome).
Bem-estar Físico
Atenção médica, mobilidade, exercício, nutrição.
Bem-estar Material
Bens materiais, emprego/ASU (remunerado).


Nota: Considerando que o Modelo da Qualidade de Vida se constitui como um referencial de análise para os vários momentos de monitorização e avaliação, alguns dos indicadores podem ser mais ajustados para uma fase mais inicial do projeto de desenvolvimento individual e outros para fases mais posteriores. Devem ainda ser observadas as especificidades dos clientes.









Domínio
·         Desenvolvimento Pessoal
o   Relações Interpessoais
§  Perceção da densidade e qualidade da rede de suporte social;
§  Perceção da densidade e qualidade das interações emocionalmente significativas;
§  Perceção de desenvolvimento pessoal no desempenho de papéis relativamente a problemas emocionais/ de saúde;
§  Sociabilidade – perceção de desenvolvimento no domínio das competências sociais e de comunicação;
§  Perceção da realização pessoal;
§  Perceção da autonomia;
§  Responsabilidade – perceção sobre a relação entre os compromissos estabelecidos e os investimentos realizados;
§  Nível de responsividade da interação com a estrutura familiar/significativos;
§  Perceção de progressão/desenvolvimento – relação entre oportunidades/investimentos de educação/aprendizagem ao longo da vida;
§  Perceção de competências de adaptação ao trabalho – relação entre o nível de mudança/esforço investido;
§  Perceção da tolerância à frustração;
§  Perceção de auto-eficácia.
o   Autodeterminação
§  Liderança – perceção sobre as oportunidades/investimento no exercício de papéis na comunidade;
§  Perceção sobre oportunidades/investimento/resultado no exercício da tomada de decisões;
§  Perceção de controlo pessoal;
§  Perceção de desenvolvimento dos objetivos/valores pessoais;
§  Advocacy – perceção do conhecimento e defesa dos direitos individuais e de grupo;
§  Empowerment psicológico – perceção sobre o controlo dos agentes sociais e sobre a capacidade para influenciar os cursos de ação desses mesmos agentes.

·         Bem-estar
o   Emocional
§  Perceção individual de segurança;
§  Perceção individual de estabilidade;
§  Perceção individual de stresse;
§  Conceito de si próprio;
§  Perceção individual de progressão do nível de aceitação da deficiência e incapacidade;
§  Perceção individual de satisfação da interação com os contextos de vida;
§  Perceção individual de solidão.
o   Físico
§  Perceção individual de saúde;
§  Perceção individual sobre a relação entre a aspiração e a realização nos seguintes domínios:
a)       Alimentação;
b)       Lazer;
c)       Mobilidade;
d)       Atividades da vida diária;
e)       Competência para cuidar de si próprio;
f)        Competência de manutenção e de segurança no lar;
g)       Atividade física.
§  Perceção de progressão em relação aos sintomas de doença crónica/aguda.
o   Material
§  Perceção individual sobre a relação entre a aspiração e a realização nos seguintes domínios de:
a)       Bens;
b)       Rendimentos.

·         Inclusão Social
o   Empregabilidade/ocupacional
§  Perceção pessoal sobre o conhecimento dos recursos de apoio no domínio ocupacional/ de empregabilidade;
§  Perceção pessoal sobre o nível de mobilização/resultado dos serviços de apoio no domínio ocupacional/ de empregabilidade;
§  Carreira – nº de experiências de atividades ocupacionais (no mesmo contexto e em contextos diferentes) e grau de satisfação associado;
§  Mobilidade – nº de atividades ocupacionais desempenhadas e grau de satisfação associado; possibilidade de encaminhamento para estruturas de formação/emprego;
§  Perceção pessoal sobre o sentido de progressão das competências mobilizadas na realização de atividades ocupacionais;
§  Perceção de investimento no desempenho de atividades de carácter ocupacional.
o   Cidadania
§  Associativismo – oportunidades/investimento no exercício de papéis em associações comunitárias;
§  Perceção das oportunidades de participação/investimento na rede de apoio, no domínio das atividades de:
a)       Voluntariado;
b)       Políticas.
§  Perceção de desenvolvimento do domínio/interesse de assuntos da atualidade;
§  Auto-eficácia coletiva/individual – perceção da relação entre investimento/ resultado na participação comunitária;
§  Perceção pessoal de tolerância social.
o   Direitos
§  Perceção pessoal de oportunidades/investimento no exercício de papéis de domínio político;
§  Perceção de progressão em relação ao conhecimento/mobilização dos recursos comunitários;
§  Perceção pessoal na adesão às normas cívicas;
§  Perceção de progressão em relação ao conhecimento/mobilização de oportunidades no domínio da educação e da esfera cívica.



NOTA: Os indicadores apresentados remetem para a perceção do indivíduo, dado que a Qualidade de Vida é um conceito dotado de uma componente subjetiva. Não obstante, devem ser consideradas as perceções dos significativos, bem como analisadas informações factuais relativas aos indicadores apresentados.
Considerando que o Modelo da Qualidade de Vida se constitui como um referencial de análise para os vários momentos de monitorização e avaliação, alguns dos indicadores podem ser mais ajustados para uma fase mais inicial do projeto de desenvolvimento individual e outros para fases mais posteriores. Devem ainda ser observadas as especificidades dos clientes.

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